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  • Foto do escritorLarissa Tassin

A importância de cuidar da saúde mental

Atualizado: 12 de jul. de 2023

Tudo começou quando eu tinha 17 anos, sentia uma tristeza profunda e convivia com uma ansiedade paralisante. Na época, tudo foi atribuído à fase que eu vivia: o tão temido vestibular. Mais dois anos se passaram e essa tristeza com ansiedade vinha e voltava. Até que não deu mais para aguentar, fui ao psiquiatra.

Logo na primeira consulta veio o diagnóstico: Transtorno Bipolar, uma condição genética onde a pessoa passa por fases de mania/hipomania e depressão de forma intercalada. Ou passa pela duas juntas - ciclotimia. Então, vieram os primeiros remédios controlados: quetiapina e depakote.

A adaptação não foi fácil. Principalmente porque quando as pessoas sabiam desse diagnóstico, o que eu mais ouvia era que não podia ser verdade, afinal, pessoas com essa condição são internadas em clinicas psiquiátricas e esse não era meu caso.

Até que entre idas e voltas ao psiquiatra, decidi largar os remédios e ficar somente fazendo terapia. E assim foi. Mas aquela tristeza e aquela ansiedade sempre voltavam para me lembrar o quanto eu podia estar errada.

Mais quatro anos se passaram e eu estava há quase um ano morando em Ribeirão Preto, sozinha. Era final de semestre e tristeza e ansiedade chegaram. Só que dessa vez muito mais forte que nunca. Me paralisava, me deixava mal por semanas a fio. Mas, assim como chegou foi embora. E se repetiu no ano seguinte.

Os médicos diziam ser depressão, me davam anidepressivos, eu melhorava extremente e abandonava o tratamento. Este era o ciclo que eu vivi até o ano passado, 2022. Eu estava MUITO BEM.

Acordava cedíssimo todos os dias, ia malhar, assumia mil projetos, fazia mil coisas em apenas um dia. Mas, a irritabilidade estava difícil de conviver. Então, voltei ao psiquiatra. O quarto desde vim morar em Ribeirão Preto. Ele foi categórico: você tem Transtorno Bipolar e precisa tomar a medicação correta.

"O quê? Não pode ser! Pessoas com Transtorno Bipolar vão parar em clínicas psiquiátricas. Eu não sou assim." - pensei. E procurei uma segunda opinião, que foi a mesma. Procurei também uma terceira opinião e, adivinhem? A mesma coisa!

Até que não tive outra opção a não ser aceitar o diagnóstico, o que foi um processo longo e difícil. Tão difícil que no começo me recusei a tomar a medicação correta porque ouvia muitos mitos sobre ela e acreditava.

Resumidamente, minha crise de hipomania foi se agravando cada vez mais e contraí uma dívida devido à compulsão por compras, uma das características dessa fase. O baque foi tão grande que tive que adiar uma mudança de apartamento em quase dois meses para recuperar a saúde financeira.

Então, não tive escolha. Me rendi ao Lítio, o remédo que eu tanto temia. E o resultado foi logo de cara: os pensamentos acelerados passaram e a hipomania foi controlada. Mas, a queda de humor foi muito brusca, o que me levou a um quadro depressivo. Então, mais um remédio teve que ser adicionado ao tratamento.

Escrevi todos esses parágrafos para mostrar o quanto os mitos sobre saúde mental podem ser prejudiciais. E o quanto a falta de tratamento adequado é comprometedora. Resistimos em procurar ajuda, vamos deixando para depois. Mas, esse depois pode ser tarde demais.

O recado de hoje é: busquem ajuda, aceitem tratamento e se informem o máximo possível sobre saúde mental. A informação correta pode salvar.



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