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  • Foto do escritorLarissa Tassin

Eu sei que você não está satisfeita com seu corpo!

Quero que você leia este texto com muita atenção. Vamos lá: qual a parte do seu corpo que você mais gosta? E qual a que você menos gosta?


Agora, me diz: quanto tempo você levou para responder a primeira e a segunda pergunta? Ou ainda, pensou em mais de uma parte que gosta? Ou mais de uma que não gosta?


É, eu sei que a maioria massiva das mulheres que estão lendo a este texto vão demorar mais para pensar em uma parte que gostam. Enquanto, responder qual parte não gosta será muito rápido e, provavelmente, haverá mais de uma.


Os dentes tortos, a perna flácida, o peito caído, a vagina com lábios desiguais, o clitóris protuberante, uma pinta, manchas no rosto, pelos, cicatrizes. Estrias e celulites, então, nem se fale. E a orelha de abano, o nariz de batata, as bochechas grandes? Melhor nem comentar, né?


Por anos e anos, nos fizeram acreditar que tais características são vergonhosas e feias. Quando, na verdade, elas fazem parte do nosso corpo e todas elas contam uma história.


O culto ao belo faz parte de diferentes culturas desde que o mundo é mundo. Mas, o que é belo hoje não era há 200 anos. Muito menos há 5 mil. Beleza é um conceito que se modifica de acordo com cada cultura e, também, com cada época.


Por exemplo: Na Antiguidade, especificamente, na Grécia Antiga, havia uma exaltação do corpo e a beleza era um ideal harmônico de proporções e formas. Por outro lado, na Idade Média, influenciada pela cultura cristã, a Europa passou a entender o belo como tudo o que é recatado. Afinal, as mulheres deveriam seguir a beleza da Virgem Maria.


Dando um salto na história, na cultura ocidental do início do século XX, a beleza feminina estava em não se ter curvas no corpo. Era muito valorizado um aspecto reto, sem seios, cintura, ombros e tornozelos. Por isso, os vestidos eram mais largos, retos e compridos.


Mais recentemente, por volta do final dos anos 90 e início dos 2000, o padrão da beleza feminina eram os corpos das supermodelos. Algo irreal e totalmente inatingível. Mas, esse padrão foi tão forte que deixou sequelas em nossas mentes até hoje.


A indústria já havia percebido que com as mulheres seria muito fácil ganhar dinheiro desde muito antes de nossa emancipação social. Porém, foi com a indústria do emagrecimento que foi encontrada a Galinha dos Ovos de Ouro.


Segundo pesquisas, esse setor movimenta cerca de R$ 35 bilhões por ano. Isso sem contar o quanto o mercado de cirurgias plásticas está aquecido todos os anos. No ano passado, mesmo durante uma gravíssima crise sanitária, o Brasil começou o ano como o país que mais realiza procedimentos estéticos no mundo.


Ou seja, vender a imagem da perfeição para nós, mulheres, sempre foi lucrativo. E está se tornando cada vez mais.


Porém, os danos são gravíssimos.


Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), houve um aumento de 141% no número de cirurgias plásticas entre adolescentes de 13 a 18 anos nos últimos anos.


De acordo com um levantamento da AMBULIM, programa de Tratamento de Transtornos Alimentares realizado pelo SUS, ligado à USP, os Transtornos Alimentares afetam cerca 10 milhões de pessoas no Brasil. Sendo que de cada quatro pessoas com TA, três são mulheres.


Em 2018, dados da Academia Americana de Cirurgia Facial Plástica e Reconstrutiva mostrou uma tendência alarmante: 55% dos cirurgiões plásticos faciais atenderam, no ano anterior, pacientes que queriam passar por cirurgias para aparecer melhor em selfies ou se parecer com algum filtro.


Com tantos dados preocupantes, te pergunto: por que ainda lutamos para manter padrões de beleza irreais? Por que permitimos que mutilem nossos corpos a fim de obter resultados que não são verdadeiros?


Comemos por culpa. Fazemos atividade física por punição. Emagrecimento é sinônimo de saúde, ainda que ele venha acompanhado de inúmeros transtornos psicológicos. As fábricas de fast fashion produzem roupas cada vez menores.


E as necessidades estéticas são cada vez maiores: depilação, manicure, cabelo, pedicure, extensão de cílios, alongamento das unhas, lente de contato nos dentes, micropigmentação na sobrancelha, nos lábios, lifting, pilling, criolipólise, preenchimento, rejuvenescimento, harmonização, lipo, silicone, mastopexia, plástica vaginal etc.


E quando achamos que atingimos a beleza, surge um novo padrão. Um novo tratamento. Nossos corpos não nos pertencem mais. A quem isso tudo interessa?


Veja bem, o objetivo deste texto não é te dizer o que fazer ou não com seu corpo. Afinal, você é uma mulher livre e decide o que é bom para você ou não. Mas, se isso te fizer refletir só um pouquinho sobre essa inconstância da beleza, já está ótimo!


Abaixo, deixo dois perfis do Instagram de influencers que falam sobre corpos e beleza reais:


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