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  • delassommelieria

Onde estão as mulheres empreendedoras e cervejeiras?

Olá, minhas lupulinas!

Quem aqui gosta de um evento cervejeiro? Opa!!


Para quem não sabe, estou em Ribeirão Preto, que vem de um histórico bem interessante relacionado a cervejarias. Aqui estiveram algumas cervejarias antigas e pioneiras, como a Antártica por exemplo, ajudando a alavancando a economia e o crescimento da cidade.


(Fotografia extraída do farofamagazine.com.br)


Hoje, Ribeirão tem diversas microcervejarias artesanais e de tempos em tempos surgem mais algumas. Isso é ótimo como um todo para a cidade. Além de empregos, mais oportunidades para profissionais do mercado. (Ou, é assim que deveria ser). E mais opções para os consumidores também.

Temos ótimas microcervejarias, que oferecem estilos variados de cervejas e garanto que tem para todos os gostos.

Portanto, bebemos muito bem por aqui.


Voltando aos eventos cervejeiros, consequentemente a quantidade de eventos nessa área também vem ganhando mais espaço. Temos alguns bem legais que acontecem tanto de forma individual, no sentido de uma cervejaria fazer o seu próprio evento, quanto o de reunir várias microcervejarias em um evento só.


Este ano Ribeirão Preto recebeu pela primeira vez o Champions Beeer, um evento cervejeiro que reúne diversas microcervejarias, tanto de Ribeirão como da nossa região. A primeira edição por aqui foi em maio e agora nesta semana (agosto) estamos recebendo a segunda edição com um final de semana adicional, acredito que devido ao sucesso.


Fui na primeira edição e agora no primeito final de semana da segunda edição. O evento conta com muita cerveja boa, comidinhas e bandas tocando ao longo do dia e início da noite. Cada consumidor que vai ao evento, recebe uma mini cédula para votar na sua cervejaria preferida, ao final de todos os dias de evento, a apuração é realizada e uma das cervejarias participantes é premiada.



Bom, daí, alguns dias antes do evento, entrei em contato para saber se havia alguma mulher no comando de alguma das cervejarias que estariam presentes. Pensei em entrevistar, fotografar e bater um papo sobre esse mercado sob o ângulo de uma mulher e trazer para nossa revista.


E para minha surpresa, nenhuma mulher é responsável por nenhuma das cervejarias que estão por aqui (nesta edição pelo menos), foi essa a informação que eu recebi. Temos a Cervejaria Maltesa, que conta com a Joyce enquanto sócia e cervejeira e aliás já a entrevistei para um Blog (Oiê, Joyce!), mas uma mulher proprietária e responsável total pela cervejaria, “não vai estar tendo, senhora”.

Pôxa!


O que temos na grande maioria dos casos é, (ou são) homens enquanto responsáveis e/ou prorietários. Tem sim uma quantidade legal de mulheres no atendimento e na execução do serviço, mas não são proprietárias.


Para quem leu a minha primeira matéria aqui na revista, sobre a história da mulher com a cerveja, vai entender esse sentimento. Muita coisa nos foi arrancada e para que volte para nossas mãos, ahhh... Não sejamos hipócritas, há muito preconceito quando o assunto é esse (também). Inclusive no tratamento, fazendo a mulher ser questionada muitas vezes, quase sendo obrigada a apresentar uma tese para que tenha credibilidade. E assim mesmo, muitas vezes não tem.


Quando fiz o curso de Sommelière de Cervejas, a maiora da minha turma era de mulheres. Algumas já atuavam no setor cervejeiro nas áreas de atendimento e liderança. Isso na época me deixou muito feliz, éramos maioria em um meio que se tornou tão masculino.


Temos mulheres atuando pelo Brasil no setor cervejeiro nas áreas de liderança, produção, treinamentos, área técnica, tecnologia entre outras. Isso é maravilhoso, mas proporcionalmente ainda estamos na lanterninha. E assim mesmo, li diversos relatos dessas mulheres que já estão em uma posição dentro de cervejarias, sendo constantemente testadas e questionadas, colocando em xeque sua competência e conhecimentos.


Sabemos também que empreender no nosso país não é algo simples nem barato. Além da extrema burocracia que pode desanimar no meio do caminho.


E a possibilidade da mulher empreender é um fato recente, pois vamos lá refrescar a memória:


- O voto feminino só foi aprovado por lei em 1.932 e assim mesmo as mulheres casadas só podiam votar com autorização do marido;

- Até 1.962 (!!) as mulheres casadas só podiam trabalhar fora com autorização do marido e assim mesmo essa autorização poderia ser revogada a qualquer momento se o marido quisesse, mulheres eram consideradas incapazaes para o trabalho que não fosse doméstico;

- Pelo Código Civil de 1.916 as mulheres também não podiam ter conta em banco, estabelecimento comercial e viajar sem autorização do marido. E pasmem, somente na Constituição de 1.988 (!!!!!!) que foi inserida a igualdade de tratamento gênero (tá).


(Imagem: aosfatos.org)


Gente, isso foi outro dia!! Entre outros impedimentos legais que as mulheres tinham até “ontem”.


Bom, aí precisamos somar a tudo isso: assédios de todos as formas, misoginia, jornada dupla, tripla de trabalho, ser objetificada e sexualizada no ambiente de trabalho, receber menos pelo mesmo trabalho de homens etc. E claro, quando se trata de uma mulher negra e/ou da comunidade LGBTQIAP+, aí lascou de vez.

Sugiro que se você se interessa pelo assunto, pesquise matérias e pesquisas bem completas sobre o tema, na internet. Mas procure sites sérios e responsáveis.


E assim termino minha matéria de hoje que era para ter sido uma entrevista feminina no universo cervejeiro. Não tinha como falar sobre isso sem buscar um pouco da história para tentar entender alguns porquês.


Me despeço por hora, na esperança de que como nossa retomada é recente, ainda teremos grandes avanços com grandes mulheres no comando e que possamos caminhar juntas com os homens, pois forças somadas nos fazem maior e melhor em qualquer gênero.

Saúde!

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